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Diferentemente de uma célula sadia, uma célula cancerígena não envelhece

Envelhecimento celular

Diferentemente de uma célula sadia, uma célula cancerígena não entra em senescência, ou seja, ela não envelhece.

Uma nova pesquisa, com resultados publicados nesta sexta-feira na revista Science, identificou dois genes que estão envolvidos nessa maior durabilidade das células cancerígenas.

O estudo foi feito por cientistas nos Estados Unidos em parceria com duas cientistas brasileiras: a pesquisadora Sueli Mieko Oba-Shinjo e a professora Suely Kazue Nagahashi Marie, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Encurtamento dos telômeros

O envelhecimento celular é determinado pelo mecanismo molecular caracterizado pelo encurtamento do telômero - parte da sequência de DNA que protege as extremidades dos cromossomos.

Nesse mecanismo, os telômeros ativam a enzima telomerase, que provoca seu encurtamento. Mas isso não ocorre em células cancerígenas, uma vez que elas não produzem essa enzima.

O estudo revela uma nova via em células cancerígenas - independente da telomerase - para a manutenção do comprimento do telômero.

O trabalho identificou, por meio de uma técnica de marcação histológica molecular chamada "hibridização in-situ com marcadores fluorescentes específicos de telômeros" (FISH, em inglês), dois genes encontrados com alta frequência em tumores, denominados ATRX e DAXX.

Esses genes são responsáveis por manter o comprimento dos telômeros, evitando o envelhecimento das células cancerígenas.

Mutações genéticas

"Alguns dos mecanismos das células cancerosas são o aumento da proliferação, da migração e a ausência da apoptose [morte celular programada ou renovação celular]", disse Marie.

Segundo ela, nos genes ATRX e DAXX foram detectadas mutações - por sequenciamento ou por imunomarcação - em alguns tipos de câncer. "Todos os genes com uma grande alteração na sequência tinham o telômero mais preservado, o que justifica um dos mecanismos do processo de câncer", contou.

Essa mutação foi detectada pela primeira vez em carcinomas de pâncreas, como descreve o artigo na Science. Mas o grupo também identificou a mutação em outros 447 tipos de câncer, entre deles o glioblastoma multiforme - tumor maligno que ataca o sistema nervoso central e atinge tanto crianças como adultos - e o oligodendroglioma - que também ataca o sistema nervoso e tem origem na célula oligodendroglial.

Evitar o crescimento do tumor

Para os pesquisadores, o objetivo a ser atingido com esses marcadores é o de detectar a doença o quanto antes para que seja possível evitar o crescimento do tumor sólido.

"Essas são mutações genéticas que só existem nos tumores. Se conseguirmos rastreá-las durante a evolução do paciente será possível saber, precocemente, se o tumor voltou ou se está crescendo", disse Marie.

Esse conhecimento poderá ser aplicado em novas terapias contra o câncer.

 


Autor: Com informações da Agência Fapesp
Fonte: Diário da Saúde

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