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Sirtuína, proteína que era associada à vida longa, não tem esse efeito. Resultados surpreenderam os próprios autores do novo estudo

Um estudo publicado na última quarta-feira (21) pela revista científica “Nature” mostrou que a sirtuína não é tão importante quanto se imaginava para aumentar a expectativa de vida de animais. A sirtuína é uma proteína que, em estudos anteriores, foi ligado ao aumento da expectativa de vida em animais. O gene responsável por sua produção chegou a receber o apelido de “gene da longevidade”.

Nesses estudos, cientistas tinham induzido a superprodução da sirtuína em nematelmintos – um tipo de verme –, moscas da fruta e leveduras. Os organismos, usados comumente como modelos para pesquisas sobre envelhecimento, chegaram a viver 50% a mais que o normal.

As pesquisas mostraram ainda uma relação entre a sirtuína e a restrição na dieta. Já se sabe que reduzir o consumo de nutrientes prolonga a vida de vários organismos, inclusive de alguns mamíferos. Os cientistas que fizeram a descoberta sugeriram que isso acontece porque a restrição alimentícia aumenta a produção da sirtuína.

Por água abaixo
A atual pesquisa, liderada por David Gems, da University College de Londres, na Inglaterra, mostrou que a longevidade constatada nos estudos anteriores não se devia à sirtuína. Sua equipe usou vermes transgênicos, que tinham uma mutação para produzir a proteína em maior quantidade, e os comparou a vermes normais.

Inicialmente, os vermes transgênicos viveram mais tempo, mas, quando foram tomadas precauções para que a única diferença entre os dois grupos fosse nos níveis de sirtuína, a longevidade desapareceu.

Em seguida, foram feitos testes semelhantes em moscas da fruta. Assim como no caso dos vermes, os primeiros resultados mostraram que os indivíduos com mais sirtuína tinham maior longevidade. No passo seguinte, os cientistas conseguiram aumentar ainda mais os níveis da proteína, mas não houve nenhuma mudança.

 

Por fim, eles elaboraram moscas incapazes de produzir a sirtuína e restringiram sua dieta. Ainda assim, elas viveram mais, mostrando que a longevidade provocada pela restrição alimentícia não tem a ver com a proteína estudada.

Depois de todos esses testes, a conclusão foi de que outros fatores genéticos são os responsáveis pela longevidade. “Os resultados são muito surpreendentes”, reconheceu David Gems.

“A sirtuína parece não ter nada a ver com prolongar a vida. Mas acho que a notícia é boa de alguma maneira: rever velhas ideias é tão importante quanto apresentar outras novas para assegurar o progresso da ciência”, analisou o pesquisador.


Autor: Redação
Fonte: G1

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