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Edital de Organização não Governamental aceita propostas até 27 de janeiro

 

Apesar de bastante comuns, os transtornos do espectro autista são ainda pouco conhecidos em seus detalhes. Estima-se que atinjam cerca de uma a cada 100 crianças no Brasil, mas não foi feito um estudo abrangente de prevalência. Em busca de promover a pesquisa básica e difundir informações, a Organização não Governamental (ONG) Autismo & Realidade criou o prêmio Prof. Dr. Marcos Tomanik Mercadante, homenageando o seu fundador, morto este ano, cujo trabalho foi tratado este ano na reportagem O cérebro no autismo (Pesquisa FAPESP nº 184). “Estamos lançando a ideia de que é importante que as entidades também levantem recursos para pesquisa”, diz Carlos Gadia, especialista em neurologia infantil do Hospital Infantil de Miami, nos Estados Unidos, e diretor médico da ONG.

Serão selecionados dois projetos, um para capacitação de pessoal para ações públicas e outro para pesquisa científica (veja o edital). Cada um deles será avaliado por três profissionais do comitê científico e receberá R$ 30 mil. Para concorrer, é preciso ser doutor e ter vínculo empregatício com uma instituição de pesquisa. Segundo Gadia, é a primeira vez que uma ONG lança um edital para pesquisa com relação a autismo. “Queremos repetir o prêmio todos os anos e aumentar o valor”, conta o médico, que espera assim atrair profissionais de várias áreas da ciência – como neurologia, genética ou bioinformática – que não trabalhem atualmente com autismo, aumentando o corpo de pesquisadores na área.

“O simpósio que aconteceu em Porto Alegre em 2010 mostrou que a qualidade da pesquisa sobre autismo é muito alta no Brasil”, disse. Mas, segundo ele, ainda é insuficiente e há uma desconexão grande entre o conhecimento científico e a informação para a população. Fazer essa ponte é uma das maiores missões da Autismo & Realidade desde que foi fundada em 2010. Nos estados Unidos, Gadia conta, há organizações de pais muito fortes que impulsionam a pesquisa e levam à criação de centros de excelência. É hora de isso acontecer no Brasil, em sua opinião. “Mas não basta fazer centros de excelência, é preciso formar profissionais para atuar neles.”


Autor: Maria Guimarães
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP

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