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A dor e os sintomas crônicos dessa doença afetam a qualidade de vida em um grande número de pacientes

* Dra. Rafaella Gehm Petracco

A endometriose (presença de endométrio fora da cavidade uterina) afeta de 2 a 10% das mulheres em idade reprodutiva. Entre os principais sintomas dessa patologia está a dor, seja ela pélvica, durante a menstruação (dismenorréia), ou associada à relação sexual (dispareunia).

A dor e os sintomas crônicos dessa doença afetam a qualidade de vida em um grande número de pacientes. Este impacto está relacionado à saúde de forma geral, produtividade no trabalho e atividades diárias. As pacientes apresentam baixa auto-estima, dificuldade de convívio social e sentimento de descontrole frente à doença e a seus sintomas.

Sabe-se que a endometriose afeta diretamente a rotina de trabalho dessas pacientes que se encontram no auge dos anos mais produtivos de suas vidas, seja no âmbito pessoal ou profissional. Estudo publicado em 2011 reuniu três questionários referentes à qualidade de vida e consequências no trabalho e avaliou sintomas gerais e específicos da produtividade em atividades diárias, tais como absenteísmo (ausência no trabalho), presenteísmo (quando a pessoa está presente, mas sem trabalhar ou produzir adequadamente), prejuízo nas ações e diminuição da produção.

As conclusões foram que as pacientes com endometriose sentem-se moderadamente afetadas em relação à produção no trabalho e extremamente afetadas para realizar atividades diárias. Em média, as pacientes perdem 1 dia de trabalho por semana por causa da doença, o que compromete, além da produtividade, a relação interpessoal com colegas e com a chefia e, assim, prejudica seu crescimento profissional.

Outro fator importante associado a este quadro é a demora no diagnóstico. Acredita-se que, em média, a paciente leve até 7 anos com sintomas até ser diagnosticada com endometriose. Isso reflete em pacientes não tratadas, sintomáticas, que não podem exercer suas atividades de forma adequada, diminuindo sua produtividade.

Outro estudo recente, publicado por pesquisadores belgas, apontou que o gasto do serviço de saúde pública com pacientes que sofrem dessa patologia se iguala a outras doenças crônicas, como diabete mellitus e artrite reumatóide. Além disso, mostrou que o gasto, considerando a perda de produtividade dessas pacientes, é duas vezes maior que o gasto referente ao tratamento dos sintomas.

Dessa forma, fica clara a importância da endometriose na vida dessas mulheres e o prejuízo que traz para a produtividade profissional. É evidente a necessidade de valorizar a queixa da paciente, buscar diagnósticos e tratamento precocemente.

* Ginecologista do Fertilitat - Centro de Medicina Reprodutiva 


Autor: Dra. Rafaella Gehm Petracco
Fonte: Usina de Notícias

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