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Atualize-se sobre as decisões e discussões que estão ocorrendo em Genebra/Suíça com comentários do advogado Alexandre Zanetti

Alexandre Zanetti saindo do Hotel

 

Gare, ponto central de Genebra para trens e ônibus

 

Palácio das Nações, Genebra, Súiça

 

Hanna, recepcionista

 

Reunião da Organização Internacional dos Empregadores (OIE)

 

Presidente Funes de Rioja, da Argentina

 

Alexandre Zanetti (à esquerda) e Marcelo Garcia (à direita)

 

Maria Cristina Guedes

 

 

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 Neste dia, que amanhece lindo, segue-se a rotina, saída do hotel por volta das 8 horas (ver foto), caminho até a Gare, ponto central de Genebra para trens e ônibus, onde se pega o lotado nº 8 (ver foto), que nos leva até o Palácio das Nações (ver foto). Chegando lá, vamos até a Hanna (ver foto), simpática e sempre agradável, que nos fornece as atas do dia anterior bem como a programação do dia, sempre em espanhol. Às 9 horas, temos a concorrida reunião da Organização Internacional dos Empregadores (OIE) (ver foto), comandada pelo Presidente Funes de Rioja, da Argentina (ver foto).

Após a reunião do grupo dos empregadores, seguiu-se a Comissão Tripartite sobre AIDS/HIV, tema em que estou inserido. Mas, vou deixar a resenha diária para amanhã, assim como os resumos das demais comissões, quando farei o último boletim da semana. Hoje, vou ocupar-me da questão da crise econômica e dos debates que se sucedem aqui.

Já comentamos os posicionamentos nada inovadores que passaram por aqui. O sr. Richard Newfarmer, Diretor do Banco Mundial, e o Sr. Marco Terrones, Subchefe de Estudos Econômicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), não trouxeram novidades. Salientamos, também, que não há por parte deles notícias de algum indício de solução para a crise econômica instalada no mundo.

É por demais evidenciada a existência de dois lados diametralmente opostos. As comissões dos trabalhadores culpam os banqueiros, o governo e o sistema capitalista existente no mundo pela crise. Há também outro discurso referente à questão social do emprego, mas não há profundidade na discussão econômica relativa à questão do emprego. E esse é o momento que estamos vivendo.

Para melhor debater a questão, a opinião de Marcelo Garcia, na Convenção da OIT, representando a Confederação Nacional da Agricultura, foca aspectos importantes, citando algumas dificuldades (ver foto).

Comentário de Marcelo Garcia

Uma SEMANA de encontro na Conferência Anual da Organização Internacional do Trabalho leva-me a pensar que estamos frente a uma enorme crise. A crise do emprego.

Concretamente, não existe emprego para todos e isso gera um enorme problema, sobretudo para os jovens. Estes, se não ingressam na vida do trabalho durante a juventude, dificilmente vão conseguir superar essa ausência para alcançaren a formalidade do emprego.

Começo a repensar a estratégia do primeiro emprego, pois, não é possível que jovens fiquem fora do mundo do trabalho ao longo de suas vidas. Nunca fui muito a favor dessa proposta, mas vale avaliar.

Alguns governos, aqui na reunião (em geral de paises muito pobres), fazem propostas de legislação trabalhista que nem a Noruega é capaz de cumprir.

O que queremos? Uma legislação trabalhista perfeita, mas que diminui o emprego ou uma Legislação Trabalhista possível para aumentar o nível do emprego?

Apenas em 2009, foram 50 milhões de empregos perdidos. Para esses desempregados, uma sólida e perfeita legislação trabalhista adianta?

Não é um debate fácil, mas os custos dos encargos trabalhistas no Brasil impedem a criação de novos empregos. Não estou comentando sobre a perda de direitos, mas estou de fato preocupado com a criação de empregos. Uma política de empregabilidade responsável no Brasil e no mundo é urgente, e não é caminhando em direção da utopia que isso será possível.

O emprego formal, concretamente, vive uma crise. E daqui de Genebra, eu posso afirmar que o mundo não está sabendo resolver esse problema.

A criação de novas legislações trabalhistas não ajuda a fortalecer uma política de empregabilidade. Não mesmo.

O maior direito deve ser ao emprego. E é concreto que estamos com um grave problema no mundo e no Brasil. Muita gente está perdendo o emprego e muita gente nem está conseguindo chegar lá.

Os debates são fundamentais. Debates sem dogmas. Debates que entendam que estamos em 2009 e não em 1949. A crise é grave.

Zanetti continua...

Há críticas ao modelo capitalista atual, mas nada de diferente é apresentado como solução a esse sistema, eis que é o modelo adotado no mundo. Os conferencistas do Banco Mundial e do FMI entendem que há indícios, apenas indícios, de progressos no combate a crise e que os primeiros resultados positivos de recuperação dos mercados estão aparecendo. Cada país está trabalhando dentro de sua realidade e há consenso de que deverá haver mais ajuda aos países da África, principalmente, que não possuem condições de combater a crise por suas próprias forças.

Como comentado anteriormente, as empresas são tratadas como vítimas da crise e não como centro das discussões.

Mas, não é esse o pensamento da totalidade dos congressistas. Há quem entenda que o momento é de oportunidade, de diversidade, de criatividade na busca de melhor rentabilidade, de alternativas, de negócios. É o que preconiza a Advogada Maria Cristina Guedes (ver foto), que está na Europa cursando mestrado MIEX - Master in International Magagement –- Vinculado à Faculdade de Economia, Promovido pela UNIVERSITA CATTOLICA DEL SACRO CUORE- Milano - Itália - ICN BUSINESS SCHOOL- Nancy- França e UPSALA UNIVERSITY – UPPSALA – Suécia, International Magagement, que elaborou um texto com o título “Crise mundial, problema ou oportunidade”, especialmente para esse informe, baseado nos estudos das oficinas durante o mestrado e as perspectivas lá abordadas.

Comentário de Maria Cristina Guedes: “Crise mundial, problema ou oportunidade”

Atualmente, o tema crise econômica esta presente nas paginas dos jornais em todo o mundo. As noticias retratam um período de preocupação no mercado, e palavras como recessão, desemprego e insegurança são vistas com frequência nas manchetes. A mídia traz a informação de caos na economia, que por sua vez gera preocupação e medo. Analisando melhor as condições da crise econômica de 2008, conclui que o momento não deve ser de apreensão, mas, sim, o período ideal para buscarmos novas oportunidades.

Acredito que os momentos de crise devem ser vistos como períodos para reanalisar os métodos adotados pelas empresas. Quando tudo vai bem não se para pensar em alternativas. A crise é a ocasião perfeita para redimensionar a estrutura da empresa, remodelar a tomada de decisões e procedimentos. Não compactuo com a idéia de alguns administradores que a melhor decisão para reduzir os impactos da crise seja a chamada “demissão em massa”. Na verdade, essa é a decisão mais simples, mas que nem sempre retrata o papel de um bom administrador. O bom administrador será aquele que tiver criatividade para lidar com os desequilíbrios do mercado, fazer disso um diferencial, e ganhar com isso e jamais pensar em corte de pessoal, pois, são os funcionários que mantêm a empresa em andamento.

Cabe ainda a esse administrador aproveitar a oportunidade de usar dos recursos que o nosso país possui para oferecer. O Brasil, atualmente, é visto como um dos “fornecedores” do mundo e faz parte do grupo de países chamado BRIC ( BRASIL, RUSSIA, ÍNDIA E CHINA). Viemos de um país com uma riqueza natural imensa, com muitas pessoas capacitadas e produtos para oferecer ao mercado internacional, e penso que, apesar do mundo estar passando por um momento de recessão e insegurança, as necessidades continuam as mesmas. Ademais, os reflexos desse período não serão sentidos na mesma proporção como foi nos Estados Unidos e em outros países, pois, estamos crescendo e em pleno desenvolvimento. Não devemos pensar que a crise nos impedirá de manter o crescimento que vínhamos desempenhando meses atrás.

Essa não será a primeira ou a ultima crise mundial que teremos de enfrentar. A historia já demonstrou já encaramos outras crises mundiais e, mesmo assim, grandes empresas foram criadas. Um exemplo é a Multinacional DANONE, fundada no ano de 1929, no auge da crise daquela época, e que, hoje, é um exemplo de solidez no mercado.

Portanto, devemos ser menos pessimistas em relação à crise econômica mundial, e acreditar que este é o momento de mudança, de renovação. Devemos utilizar a crise como um período para “colocar a casa em ordem”, e pensar que muito em breve estaremos novamente enfrentando um reaquecimento da economia. Ademais, se estivermos preparados para esse período de bons negócios o Brasil continuará a desempenhar o belo papel que até então vinha atuando.

Zanetti acrescenta...

Como já mencionamos, é fácil de perceber que a tendência das discussões é de que serão necessárias mais ações dos governos, mais controle da economia, mais regras para o mercado financeiro, sem que isso seja início de um novo capitalismo, porque essas crises são cíclicas. Tivemos nos anos 70, nos anos 90 e agora. Em um mundo globalizado, servem de reestruturação e revitalização do capitalismo existente. Contudo, repetimos, nunca como indício de fim desse sistema, provavelmente como uma nova oportunidade de novos negócios.

A OIT tem divulgado algumas medidas possíveis de serem alcançadas, como garantir que os contratos de aquisição de bens e serviços sejam mais benéficos para as empresas que operem com a máxima transparência, de modo competitivo e com respeito às normas de trabalho. Também coloca que é necessário fomentar o diálogo social, como o que está sendo realizado aqui, neste momento, para a manutenção dos contratos de trabalho com as garantias mínimas possíveis. Do mesmo modo prega a necessidade das previdências sociais atuarem de forma mais abrangente, para a proteção, assistência social e saúde dos trabalhadores.

Enfim, o que prega a OIT é a proteção ao desemprego, a proteção social, os ajustes na política econômica e o aumento dos empregos públicos como forma de estabilização social. Salienta, ainda, que as medidas devem fomentar a evolução e a produção, para que isso possa gerar mais empregos, de forma concreta, não fictícia, e com sustentabilidade.

Neste final de tarde, o céu apresenta nuvens e há uma agradável temperatura, em torno de 20 graus.

Abraço a todos,

Alexandre Zanetti

Alexandre Zanetti, Assessor Jurídico da Confederação Nacional da Saúde (CNS) e da Federação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), participa da 98ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT) como representante da área da saúde, compondo a delegação oficial brasileira.

 

Confira outros dias da 98ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), na narrativa do advogado Alexandre Zanetti

 


Autor: Alexandre Zanetti
Fonte: SIS.Saúde

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