Terapia cognitivo-comportamental mostra-se mais eficiente
Nos últimos tempos, é notável o o espaço público que o transtorno do humor bipolar tem ocupado nas discussões sociais, na mídia e inclusive no meio científico. De um lado, passoas portadoras desse transtorno, na busca de uma melhor forma para conviver com a doença. De outro, médicos e demais profissionais da saúde engajados em fornecer tal possibilidade.
Dessa maneira, o SIS.Saúde realizou um levantamento sobre o tema. Considerando que pacientes bipolares apresentam riscos superiores de mortes por causas súbitas, suicídio, derrame cerebral, transtornos ansiosos, de personalidade, dependência química, diabetes, entre outros (VIETA et al., 2001; KESSLER et al., 1997), a discussão desse tema é pertinente. O vídeo abaixo, exibido em documentário especial pelo Sistema Brasileiro de Televisão, traz uma breve revisão sobre a doença, com ilustrações de pacientes em processo terapêutico e profissionais, que pontuam os cuidados e riscos envolvidos.
Além disso, em um estudo brasileiro (KNAPP e ISOLAN, 2005), que realizou uma revisão sistemática dos dados publicados nos meios científicos para verificar a eficácia de métodos terapêuticos nessa patologia de alta prevalência, encontramos outros subsídios que merecem discussão. Segundo a literatura especializada, o tratamento psicoterápico é fundamental para essa patologia, uma vez que menos da metade dos pacientes que utilizam algum medicamento para o quadro permanecem sem recaídas. Dentre as diversas intervenções psicoterápicas desenvolvidas, os autores identificaram estudos mais consistentes e animadores na abordagem cognitivo-comportamental (TCC’s). Além dessa, outras quatro abordagens foram identificadas nesse estudo, a saber: terapia interpessoal de ritmo social, psicoeducação, terapia familiar e conjugal, e terapia psicodinâmica (KNAPP e ISOLAN, 2005).
A terapia cognitivo-comportamental parte do pressuposto que os seres humanos têm seu processamento de informação (maneira na qual eu percebo, sinto e reajo diante dos eventos) influenciado por uma série de variávies. Entre essas, destaca-se o papel do meio circundante, as relações sociais, a genética, entre outros, no desenvolvimento de determinadas visões de mundo (crenças, na linguagem das TCC’s), que organizam a forma que a pessoa se comporta diante de determinados eventos (também chamado de “esquemas mentais”).
Os objetivos da TCC nessa doença visam à adesão ao tratamento (psicológico e farmacológico); à conscientização do paciente, amigos e familiares acerca da doença e suas particularidades (psicoeducação); treinar o paciente para que o mesmo seja seu próprio terapeuta, instruindo acerca da importância da checagem de seu humor e da identificação de situações de risco, bem como capacitando-o para enfrentar momentos difíceis, em que os sintomas se expressam de forma aguda.
Além disso, são objetivos da TCC “aliviar” os estigmas associados à doença, por meio de um tratamento cooperativo entre terapeuta e paciente, sendo que este deve aceitar e envolver-se em seu próprio processo terapêutico.
Geralmente, a abordagem individual emprega técnicas específicas para o quadro. Dentre as mais utilizadas, destacam-se o uso da psicoeducação, reestruturação cognitiva e checagem de humor. Cabe frisar que as TCC’s pautam-se em métodos rigorosos de mensuração da efetividade terapêutica, sendo essa a razão que explica a formatação de técnicas específicas para cada doença.
No Transtorno do Humor Bipolar (antigamente conhecido por Psicose Maníaco-Depressiva), está comprovada a remissão de sintomas e melhora do quadro por meio da TCC individual. Do mesmo modo, estudos têm levantado aportes sólidos para a realização dessa afirmativa também na abordagem grupal.
Para saber mais a respeito, consulte a tabela abaixo, com uma série de artigos originais, publicados em Suplemento Especial da Revista de Psiquiatria Clínica (2005), bem como as matérias relacionadas publicadas pelo SIS.Saúde:
Título
História da caracterização nosológica do transtorno bipolar
Epidemiologia do transtorno bipolar
Fatores genéticos e ambientais na manifestação do transtorno bipolar
As bases neurobiológicas do transtorno bipolar
Tratamento farmacológico do transtorno bipolar: as evidências de ensaios clínicos randomizados
Diagnóstico, tratamento e prevenção da mania e da hipomania no transtorno bipolar
Tratamento da depressão bipolar
Estados mistos e quadros de ciclagem rápida no transtorno bipolar
Tratamento do transtorno bipolar: eutimia
Impacto da comorbidade no diagnóstico e tratamento do transtorno bipolar
Transtorno bipolar do humor e uso indevido de substâncias psicoativas
Abordagens psicoterápicas no transtorno bipolar
Adesão ao tratamento no transtorno bipolar
O transtorno bipolar na mulher
O tratamento farmacológico do transtorno bipolar na infância e adolescência