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SBU divulgou neste mês uma mudança na idade recomendada para a realização dos exames indicados para o rastreamento precoce do câncer de próstata

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) divulgou neste mês uma mudança na idade recomendada para a realização dos exames indicados para o rastreamento precoce do câncer de próstata, doença que acomete mais de 60 mil homens por ano no Brasil.

Diante do cenário científico em constante evolução, após avaliar um número significativo de estudos aplicados em populações submetidas ao rastreamento e tratamento do câncer de próstata, constatando os resultados dessas ações em longo prazo em termos de sobrevida, qualidade de vida, entre outros aspectos, a recomendação inicial para a realização do toque retal e da verificação de PSA, indicados até então para os 45 anos de idade, passou para os 50 anos, isso sem considerar a população de indivíduos que apresentam algum histórico familiar da doença.

A mudança dos critérios empregados, especialmente no que se refere ao inicio da idade dos homens para fazerem a avaliação periódica, tendo em vista o diagnóstico precoce do câncer de próstata, objetiva, em uma primeira análise, evitar a detecção dos chamados tumores de próstata indolentes, que eventualmente não apresentam ainda nenhuma expressão clínica relevante ou ameaçadora. Com isso, baseado nos conhecimentos atuais, se justificaria a indicação do rastreamento mais efetivo em idades mais precoces apenas para indivíduos com um risco maior de desenvolver câncer de próstata (história familiar e afrodescendentes). Para os demais homens, a idade para início da avaliação periódica se estabelece nos 50 anos de idade. Nesse contexto, busca-se aumentar a eficácia em termos de diagnósticos precoces relevantes, especialmente no que concerne ao tratamento e resultados de cura livre de doença em longo prazo.

Portanto, a realização de diagnósticos de doença neoplásica indolente e o consequente tratamento com os seus efeitos negativos em termos de função sexual e continência urinária poderiam assim ser significativamente reduzidos sem que isso afete os resultados terapêuticos em termos de sobrevida por câncer de próstata. É o que denominamos, na área clínica, de sobretratamento ou overtreatment. em língua Inglesa. Entretanto, esses aspectos devem ser discutidos cuidadosamente e de forma individualizada com o seu médico, que será o responsável pela avaliação dos prós e contras e do momento adequado para uma correta intervenção. Todos esses aspectos acima apenas dizem respeito a questão do rastreamento do câncer de próstata. Vale lembrar que é recomendado ao paciente que faça visitas periódicas ao seu urologista, tendo vista a discussão e avaliação de vários outros aspectos relevantes para a sua saúde.

Ernani Luis Rhoden, CRM 18856
Médico e Urologista e Professor Livre-Docente da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Pós-Doutorado Harvard University, Boston, EUA.


Autor: Ernani Luis Rhoden
Fonte: DNA

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