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Brasil foi o primeiro País a combater sistematicamente o risco da refratura, no Rio de Janeiro e em Brasília, que conseguiu 97% de redução da ocorrência

Quando alguém fratura o punho, tornozelo ou costela ao sofrer uma queda da própria altura, como por exemplo, ao cair após tropeçar, não basta só tratar o membro quebrado, é preciso avaliar a necessidade de começar imediatamente o tratamento para evitar novas fraturas, na maior parte das vezes por osteoporose. O alerta é da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - SBOT, tão preocupada com o aumento da incidência da doença, que inicia uma campanha nacional para mostrar que uma simples queda não deveria provocar a fratura de um osso, e se isso acontecer, é preciso buscar a causa e resolver o problema e não apenas cuidar da fratura.

“A mudança de hábitos de vida, que torna o jovem mais sedentário, com alimentação inadequada e tão envolvido nos estudos que não tem tempo de tomar sol acaba fazendo com que a osteoporose ocorra mais cedo e os ossos fiquem frágeis”, explica Márcio Passini, do Comitê de Doenças Osteometabólicas da SBOT. Ele explica que uma fratura causada por uma queda da própria altura é um sinal de que a refratura e provavelmente a terceira e a quarta fratura se seguirão, e nesses casos o risco de morte existe e precisa ser levado em conta.

O alerta da SBOT não é apenas para o leigo, mas também para o ortopedista que, muitas vezes mais preocupado em reparar o dano no fêmur ou no punho do paciente, deixa de encaminhá-lo para um especialista em osteoporose, a quem cabe verificar o nível da doença e como corrigir o problema. “O mais triste nesses casos é que sabemos que a medicação e algumas simples mudanças nos hábitos de vida são extremamente eficazes e é possível recuperar o paciente de forma rápida e com pouca despesa”, diz o médico.

Pioneirismo no mundo

O Brasil foi o primeiro País a combater sistematicamente o risco da refratura, com a criação da ‘Prevrefrat’, no Rio de Janeiro que, com base no Hospital de Ipanema e agora também em Brasília, conseguiu 97% de redução da ocorrência da segunda fratura. “Tratamos 450 pacientes e só registramos 16 fraturas”, explica Bernardo Stolnick, presidente do Comitê de Doenças Osteometabólicas da SBOT.

O médico recomenda o acesso ao site www.prevrefrat.org e conta que a importância do tema pode ser medida por recente pesquisa sobre pacientes, idosos principalmente, operados após fratura do fêmur. “O estudo mostrou que 55% deles tinham sofrido uma outra fratura prévia, mas esse verdadeiro aviso não foi levado em conta, a osteoporose evoluiu e acabaram sofrendo a segunda fratura”.

“Uma primeira fratura e principalmente se causada por um trauma que não parece grave é um alerta de fragilidade óssea”, insiste. “Está na hora do Brasil se preocupar com o tema, já que com o envelhecimento da população, mais gente chega à idade em que é mais comum a ocorrência da osteoporose e, do ponto de vista médico, é melhor prevenir que remediar”, completa Stolnick. Hoje o mundo está preocupado com o problema, a Europa iniciou um programa semelhante ao ‘Prevrefrat’ brasileiro. As estatísticas internacionais mostram que, cuidando-se da osteoporose precoce e mesmo do idoso, em quase 70% dos casos se evita a segunda fratura.

Congresso em Curitiba

Para Passini, calcula-se que o Brasil tenha 10 milhões de osteoporóticos, a grande maioria sem diagnóstico. O tema é tão relevante, que será debatido no congresso da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabólica - Abrasso, em Curitiba, no mês de abril.

Várias das conferências a serem apresentadas se destinam a reciclar o ortopedista para o desafio que precisa ser enfrentado. Exemplos são temas como ‘Repercussões ósseas de doenças metabólicas: a obesidade é ruim para o osso?’, ‘Prevenção de refratura’, ‘O uso de anticoncepcionais na massa óssea’ e ‘Suplementação de cálcio e risco cardiovascular: evidências’.


Autor: Redação
Fonte: DOC

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