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Remédio, fornecido pelo Estado, inibe rejeição ao tranplante de medula óssea

Há uma semana, as buscas de Jaime Luis Bascheria pelo medicamento que garante a própria saúde são quase diárias. É o remédio Ciclosporina, tomado por ele todo dia, que inibe a rejeição ao transplante de medula óssea feito em outubro do ano passado. Fornecido pelo Estado e retirado todo mês na Farmácia Especializada do município, desde quinta-feira o remédio está em falta.

— Não posso ficar sem esse remédio. Eu cheguei na farmácia e ninguém sabe informar nada, não tem previsão de chegada. Isso é jeito de atender as pessoas? — reclama.

Há um ano, Bascheria descobriu estar com leucemia (tipo de câncer que acomete os glóbulos brancos produzidos pela medula óssea). No ano passado, passou quase 50 dias no hospital com sessões de quimioterapia e radioterapia para o transplante de medula, feito no final de outubro, na Santa Casa, em Porto Alegre.

A recuperação é lenta: durante dois anos, ele, vendedor de carros, não pode trabalhar. Atividades físicas estão suspensas por cinco anos. Toda manhã, ele toma dois comprimidos de Ciclosporina, um de 100mg e outro de 50mg. Na farmácia, duas caixas com 50 comprimidos cada das duas dosagem do remédio custam juntas cerca de R$ 680.

Na falta do remédio, Bascheria tem alterado, por sugestão do próprio médico, a dosagem do medicamento. A Ciclosporina de 50mg acabou. Dia sim, dia não, ele reveza doses de 100mg e 200mg. Os comprimidos vão durar até o dia 9 de abril, data em que a secretaria Estadual da Saúde estima a regularização da distribuição. Se atrasar, ele ficará sem o medicamento que garante a sua recuperação.

— Eu tomo outros oito remédios. Gasto mais de R$ 400 todo mês na farmácia. Mas é este que impede a rejeição ao transplante, que impede que o câncer volte. Serei obrigado a comprar, mas o medicamento é muito caro —explica.

Contraponto

Secretaria Municipal da Saúde

Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria Municipal da Saúde informou que o fornecimento do medicamento Ciclosporina é de competência do Estado. A última remessa de Ciclosporina recebida pelo município foi em 29 de janeiro deste ano. O estoque esgotou no final de março e não há previsão de regularização.

Secretaria Estadual da Saúde

Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria Estadual da Saúde informou que o medicamento estará disponível a partir de 7 de abril em Porto Alegre e que dentro de dois dias estará nas secretarias da Saúde do interior. Houve problemas na licitação que elege a empresa que distribui o medicamento para o Estado.


Autor: Manuela Teixeira
Fonte: Zero Hora

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