Imprimir
 

Site desenvolvido em curso de jornalismo vira febre entre mães, que podem consultar índice do seu obstetra

Um site desenvolvido por alunos de jornalismo da Universidade Positivo virou febre entre mães paranaenses porque permite que elas descubram, de forma simples e rápida, qual a porcentagem de cesáreas e partos normais realizados pelo seu obstetra, em 2014. O Nascer Bem (www.nascerbem.redeteia.com) foi publicado em outubro e já acumula cerca de 40 mil acessos de usuários de todo o Paraná, inclusive de visitantes mal intencionados.

Cerca de 15 dias após o lançamento, o servidor do Nascer Bem foi invadido por hackers que se aproveitaram do alto tráfego no portal para disseminar spam e códigos prejudiciais. "A invasão expôs uma fragilidade do servidor e aproveitamos para corrigi-la e melhorar o site. Já estávamos programando a publicação de novas funções, que estão no ar com a nova versão", conta Rosiane Correia de Freitas, professora de Jornalismo e coordenadora do projeto. Agora, os dados podem ser consultados por médico, por plano de saúde e pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do Paraná.

A motivação para desenvolver o portal veio quando o Núcleo de Jornalismo de Dados da Universidade Positivo, um grupo especializado no estudo e uso das leis brasileiras na obtenção de informações de interesse público, conseguiu acesso às Autorizações de Internação Hospitalar (AIH), um documento que serve para o SUS pagar os procedimentos realizados na rede conveniada. O grupo decidiu se aprofundar nos dados referentes aos partos em 2015, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou a Resolução Normativa 368, que determinou que os planos de saúde informassem suas clientes a respeito das taxas de cesárea e parto normal dos profissionais credenciados.

Diante da dificuldade de conseguir informações, a professora e os alunos se sentiram motivados a prestar esse serviço à comunidade. "Jornalismo é mais do que repassar informações ao público. É nosso dever facilitar o acesso de dados cruciais como esses para que a população possa tomar decisões com embasamento", explica Rosiane. Os estudos chegaram ao índice de 84% de cirurgias cesáreas realizadas na saúde privada do Paraná, em 2014. No entanto, o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de no máximo 15%.

Buscando a redução do número de cesarianas desnecessárias, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar, responsável por regular os planos de saúde do Brasil), toma, há anos, medidas para incentivar o parto normal. A mais recente delas (n° 368), em vigor desde julho, garante o direito de acesso a informação aos percentuais de cirurgias cesáreas e partos normais dos estabelecimentos credenciados e médicos cooperados das operadoras de saúde. A reportagem apurou as taxas de todos obstetras que realizaram, no ano de 2014, partos em Curitiba pela Unimed - que agrega 32% do mercado com mais de 1 milhão de usuários de planos de saúde - pela Amil (13% do mercado), pelo ICS, o Instituto Curitiba de Saúde (6%) e pela Sul América (2%). Foram solicitados também os dados da Clinipam (11%), que se negou a fornecê-los - muito embora da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tenha tornado obrigatória a divulgação dessas informações.

Ao todo, foram consultadas as operadoras privadas, que correspondem a 53% do mercado curitibano e agregam um total de 490 obstetras - dos quais apenas 12 (2%) fizeram mais de 60% de partos normais. Os dados públicos do SUS no Paraná também foram apurados, que apontaram que foram realizados, ano passado, 92.987 partos, dos quais 52,19% normais, 39,26% cesarianas, 4,26% cesáreas em gestação de alto risco, 2,81% partos normais em gestação de alto risco e 1,48% cesáreas com laqueadura.

Os dados de 600 médicos de Curitiba estão disponíveis em: www.nascerbem.redeteia.com


Autor: Redação
Fonte: Central Press

Imprimir