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Com a pesquisa foi possível constatar que todos os vírus estavam relacionados diretamente, o que sugere que a infecção foi trazida ao país por apenas uma pessoa

A primeira análise do genoma do vírus da zika mostra que a doença pode ter chegado ao Brasil entre maio e dezembro de 2013, mais de um ano antes da primeira detecção da doença no país, que aconteceu no início de 2015. A data estimada da entrada do vírus no país coincide com um período de aumento de fluxo de viajantes vindos de áreas endêmicas de zika.

Uma hipótese debatida pelos especialistas da pesquisa, publicada na revista Science, indica que a introdução da doença aconteceu durante o torneio de futebol da Copa das Confederações no Brasil, que aconteceu em junho de 2013 e envolveu a participação do Taiti, ilha na Polinésia Francesa, onde já houve um surto do vírus.

O estudo foi desenvolvido por cientistas do Instituto Evandro Chagas, no Brasil, e da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Os pesquisadores analisaram sete genomas do vírus da zika encontrados no Brasil, incluindo o vírus retirado de um adulto que morreu após a infecção pelo vírus e um recém-nascido com microcefalia.

Com a pesquisa foi possível constatar que todos os vírus estavam relacionados diretamente, o que sugere que a infecção foi trazida ao país por apenas uma pessoa. Além disso, a análise mostra que o vírus que se espalhou pelas Américas é muito parecido com o que foi detectado na epidemia que tomou conta da Polinésia Francesa em 2013, reforçando a teoria que teria chegado ao Brasil durante a Copa das Confederações.

Através dos genomas, os pesquisadores também querem entender a relação entre o surto da zika e o aumento nos casos de microcefalia, mas afirmam que é preciso ter mais informações sobre a epidemiologia e diversidade genética do vírus.

Só foi possível indicar uma suspeita de que a microcefalia em correlação com a zika acontece em torno da 17ª semana da gravidez, ou da 14ª semana, em casos de microcefalia severa.

"Ainda há muito trabalho a ser feito em termos de acompanhamento e prevenção da zika no Brasil. Mas vamos ter uma imagem muito melhor do vírus ainda este ano", promete o pesquisador Nuno Faria, da Universidade de Oxford e do Instituto Evandro Chagas. 


Autor: Redação
Fonte: Uol

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