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“Não dê carona para o sono” será lançada dia 17 de março para conscientizar população sobre os riscos dos distúrbios nessa área

Estatísticas da Associação Brasileira do Sono (Absono) apontam o sono e o cansaço como responsáveis por 20% dos acidentes de trânsito no Brasil. Para enfrentar esse problema de saúde pública, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN) realiza uma campanha nacional. O slogan é “Não dê carona para o sono”. Em 17 de março, Dia Mundial do Sono, ocorrerá o lançamento.

Para o responsável pelo laboratório do sono do Hospital Moinhos de Vento, Geraldo Rizzo, o caminho a seguir é conscientizar a população sobre os riscos de um distúrbio nessa área. “O sono é involuntário. As pessoas não se dão conta que dirigir sonolentas pode causar acidentes. Elas sequer percebem os sintomas”, explica o neurologista.

“Existem exames para diagnosticar a doença, mas é importante que todos possam identificar os sintomas em seus companheiros, seus colegas ou familiares, para que possamos evitar acidentes e ajudar quem precisa”, afirma Rizzo. O neurologista e especialista em medicina do sono Fernando Stelzer, também do Hospital Moinhos de Vento, indica que ter um sono saudável é tão importante quanto comer bem, não fumar e fazer atividades físicas.

“Não dormir antes de dirigir ou dirigir percebendo o sono, com sensação de pálpebras pesadas, bocejos, dificuldade de concentração, aumenta muito o risco de um acidente, equivalendo ao efeito do álcool”, completa Stelzer. De acordo com a Absono, 30% das mortes em rodovias nacionais são ocasionadas por motoristas que dormem ao volante; 53,9% dos brasileiros queixam-se de insônia e, desses, 43% continuam cansados durante o dia.

Normalmente, o sono costuma aparecer em intervalos de 12 horas. Para saber se tem distúrbios do sono, é necessário notar os sinais do organismo, como bocejos frequentes, dificuldades para ficar de olhos abertos e não conseguir focar objetos à distância. Ao dirigir, situações como freadas bruscas, perder saídas, não enxergar sinais de trânsito, escorregar o carro para o acostamento e sair da pista são indícios claros de que é hora de estacionar em local seguro e iluminado para recuperar as energias.

Distúrbios do sono

Conforme Stelzer, as principais doenças do sono são insônia, síndrome de apneia obstrutiva do sono, síndrome das pernas inquietas e parassonias (como pesadelos, terror noturno, sonambulismo).

A síndrome da apneia obstrutiva do sono é caracterizada por roncos, com paradas respiratórias ao longo do sono, levando a um sono fragmentado, com consequente sonolência excessiva durante o dia, dor de cabeça ao acordar, fadiga e falta de energia, dificuldade de memória e de concentração. Além disso, a síndrome está associada a importantes doenças, como hipertensão arterial, infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, entre outros.
Todos nós temos eventualmente momento de insônia. No entanto, a insônia crônica caracteriza-se por dificuldade de iniciar o sono, despertares frequentes ao longo da noite ou despertar em horário antes do que a pessoa gostaria, com duração de mais de três meses, com mais de três dias por semana, apesar da possibilidade de poder dormir.

A síndrome das pernas inquietas é uma das doenças mais frequentes, das quais menos se fala. Calcula-se que, no Brasil, 6,5% das pessoas são portadores dessa condição. Ela se manifesta por um mal-estar, uma sensação irresistível de mover as pernas, que ocorre predominantemente a noite, quando a pessoa está descansando e melhora com o movimento. Como ocorre mais à noite, pode prejudicar o sono.


Autor: Cláudia Paes
Fonte: Critério

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