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Tecnologia utilizada no Hospital Moinhos de Vento permitiu o uso de stent adequado ao quadro

A aterosclerose é um processo no qual placas de gordura se acumulam nas paredes das artérias, obstruindo o fluxo sanguíneo. Eventualmente, com o agravamento do quadro, essa condição pode levar a um acidente vascular cerebral, podendo trazer consequências graves ao paciente e, até mesmo, causar o óbito. 

Era o caso de uma paciente atendida no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Com 85 anos, diabética e hipertensa, tinha uma placa na artéria carótida, que irriga a região da cabeça. Essa placa teve grande crescimento, levando risco à idosa, o que exigiria a implantação de um stent. No entanto, esses equipamentos possuem modelos adequados a cada caso — e os métodos usuais de avaliação, a angiografia e ultrassom intravascular, não têm a definição de imagem suficiente. 

A indicação do stent adequado à paciente foi feita por meio de um procedimento inédito, realizado pela primeira vez no Brasil na artéria carótida: a utilização de um aparelho de tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla em inglês). Com essa tecnologia, um cateter com um tomógrafo de um milímetro é inserido nos vasos, permitindo avaliar com precisão o quadro apresentado. 

"Com esse cateter, vemos a morfologia da placa, quanto tem de gordura, se ela é mais mole ou calcificada, se tem risco de se soltar e ir para o cérebro", explica o médico Alexandre Araújo Pereira, coordenador do Núcleo de Doenças Arteriais do Hospital Moinhos de Vento, que conduziu o procedimento. Com isso, é possível escolher o stent ideal para o caso. 

"Existem stents mais flexíveis, mais abertos ou fechados. Nesse caso, a paciente tinha uma placa mole. Então, utilizamos um stent mais fechado. Com isso, prevenimos um potencial AVC", pontua Pereira. O procedimento foi realizado na terça-feira (1º), no Moinhos de Vento. A idosa passa bem e segue internada na instituição, para controle da pressão arterial. 

O coordenador da Angiografia Cardiovascular do Hospital Moinhos, Marco Wainstein, que já realizou esse processo com artérias coronárias na instituição, também atuou neste caso. Ele explica que a tomografia de coerência óptica tem uma acurácia de quatro a seis vezes superior aos exames usuais. "É como se uma angiografia visse a artéria como uma televisão de tubo. Já o ultrassom mostra a imagem como uma TV com alta definição. E o OCT mostra como uma televisão de imagem 4K", compara. "O aparelho permite delimitar as três camadas do vaso, ver se o stent está bem colocado. É o único método que permite esse grau de avaliação", ressalta Wainstein. 

Procedimentos pioneiros

Esse é o segundo procedimento inédito no país realizado em 2020 no Hospital Moinhos, na área de cirurgia vascular. Em julho, uma prótese pioneira no Brasil foi utilizada para tratar um homem de 70 anos com aneurisma de aorta abdominal. Em apenas um mês, foi produzida uma prótese customizada para a anatomia do paciente. Foi a primeira vez que se usou o equipamento com tripla fenestra — orifícios pelos quais são inseridos os stents para manter a circulação nos vasos. 

Em dezembro de 2019, um equipamento inédito no Sul do país contribuiu para uma aterectomia de vaso periférico. Na técnica, usada para o desentupimento das artérias, um dispositivo foi introduzido nos vasos de uma idosa de 91 anos, cortando e aspirando as placas de gordura e desobstruindo a passagem do sangue. "Além de evitar o uso de stents metálicos, que em áreas de dobra podem quebrar, o tempo de recuperação é bem menor do que nas cirurgias convencionais”, explica Alexandre Araújo Pereira, que esteve à frente dos dois processos no Hospital Moinhos de Vento.


Autor: Melina Fernandes
Fonte: Moinhos / Critério

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