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Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul alerta para importância de cuidado permanente por parte dos pais

O Traumatismo Craniano Encefálico (TCE) continua sendo a principal causa de morbidade e mortalidade em crianças vítimas de trauma. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, é possível identificar, no período de 2008 até 2012, cerca de 20 mil hospitalizações por TCE, na faixa etária de zero a 14 anos, com cerca de 400 óbitos. Crianças hospitalizadas com TCE grave têm uma taxa de mortalidade relatada acima de 25%. As que sobrevivem aos ferimentos iniciais estão suscetíveis a uma série de complicações ao longo da vida, entra elas, a epilepsia traumática, déficits cognitivos, distúrbios do sono e psicológicos, transtornos psiquiátricos e dores de cabeça crônicas.

“Todas as sequelas estão relacionadas com a gravidade do trauma e com a qualidade do tratamento inicial e a reabilitação oferecida aos pacientes. Felizmente pacientes pediátricos têm uma plasticidade cerebral e uma capacidade de reabilitação excelentes”, observa a pediatra intensivista do HCPA e Coordenadora da UTI do Trauma Pediátrico (UTI PED) do Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS), Luciana Gil Barcellos

As incapacidades resultantes do TCE podem ser divididas em três categorias, físicas, cognitivas e emocionais ou comportamentais. As físicas são diversificadas e podem ser motoras, visuais, táteis, entre outras. As cognitivas, frequentemente, incluem problemas de atenção, memória e funções executivas. As incapacidades comportamentais e emocionais são, em geral, a perda de autoconfiança, motivação diminuída, depressão, ansiedade e dificuldade de autocontrole. Estes sintomas estão representados por desinibição, irritabilidade e agressão.

Além disso, é importante observar os casos de concussão cerebral, que é a perda da consciência de curta duração, que acontece logo após um traumatismo craniano. Conforme relata a pediatra, diferente da contusão, as concussões causam uma disfunção cerebral temporária, sem apresentar lesões anatômicas, e podem ocorrer mesmo após um traumatismo cranioencefálico menor e dependem da intensidade do trauma.

“É importante classificar o trauma como leve, moderado ou grave. Quando for TCE leve, existem protocolos de atendimento que relacionam a idade do paciente, cinemática do trauma, perda de consciência, cefaleia, vômitos e presença de crises convulsivas com risco de ter uma lesão clinicamente significativa. Este paciente deve permanecer em observação”, explica.

O processo de recuperação pode ser lento em casos graves, e o tratamento deve ser multidisciplinar. É importante, segundo a especialista, otimizar terapias de reabilitação como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Na fase de recuperação deve-se focar na educação e treinamento com objetivo de estabelecer uma nova vida com ajustamento pessoal, social e qualidade de vida. 


Autor: Fernanda Calegaro e Marcelo Matusiak
Fonte: PlayPress

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