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Falhas na assistĂȘncia pela SES agravam epidemia da Aids no RS

O Rio Grande do Sul vive epidemia de aids. Os últimos números apontam o Estado como campeão do País, com 43,8 casos a cada 100 mil habitantes, número que cresceu nos últimos anos. Porto Alegre também lidera a triste estatística. O Sindicato Médico do RS (SIMERS), Gapa-RS e o deputado Paulo Borges (Frente Parlamentar de Combate à Aids e Tuberculose) constataram, em encontro nesta quarta, em Brasília, que os graves problemas na desassistência a portadores de HIV no Estado (falta de medicamentos, atrasos de exames e desinformação na rede de atendimento) são responsabilidade da Secretaria Estadual da Saúde (SES).

As entidades, além do Conselho Estadual de Saúde e ONGs, denunciaram em janeiro que a situação prejudica mais de 700 portadores do HIV. No Estado, haveria hoje 17 mil infectados pelo vírus. Em reunião com o diretor do departamento de DST-Aids do Ministério da Saúde, Eduardo Luiz Barbosa, as entidades tiveram confirmação de que as verbas do Fundo Nacional da Saúde chegaram à conta bancária da SES, que não providenciou aquisição de remédios e oferta de exames com agilidade necessários aos pacientes.

O conselheiro do Sindicato Médico Sami El Jundi informou que o diretor do departamento assegurou que não faltam recursos e que as atribuições da pasta estão sendo cumpridas. "É ironia: o governo anuncia campanha para prevenção ao HIV para o Carnaval e abandona as pessoas que já portam o vírus".

Segundo Sami, os problemas são causados por incompetência no gerenciamento dos programas e falhas na logística e distribuição de medicamentos e kits para exames. O conselheiro lembrou ainda que o Laboratório Estadual (Lacen) não tem capacidade para dar conta da demanda. Denúncia sobre os problemas foi feita em janeiro por um grupo de entidades. De lá para cá, o governo estadual não esclareceu as razões de reter verbas (mais de R$ 7 milhões) em 2009, recurso que deveria ter sido aplicado nas políticas de DST/Aids.

Barbosa esclareceu que o desabastecimento do medicamento Abacavir, no final de 2009 e ainda não disponível, foi comunicado com antecedência à Secretaria, que deveria ter orientado médicos sobre alterações na terapêutica de pacientes. "Fomos informados que a compra de parte dos remédios, cuja responsabilidade é do Estado, não ocorreu. Os recursos são ressarcidos pelo Ministério", explicou Sami. "Não conseguimos entender porque a gestão estadual é tão displicente com um programa tão prioritário e ante uma expansão dos casos de infectados pelo vírus no Rio Grande do Sul", lamentou o dirigente médico.

As entidades já pediram ação dos Ministérios Públicos Estadual e Federal. O diretor do Ministério assegurou que os problemas verificados no RS não se repetem em outros estados. Esta semana uma comitiva do Ministério veio ao Estado para tentar ajudar o setor de DST/Aids a organizar e resolver as deficiências. Sami indicou ainda que a assistência na Capital tem problemas. Consultas com especialistas são insuficientes e a equipe responsável pela política local foi reduzida de 18 para três funcionários.

O Rio Grande do Sul é campeão no índice de infectados pela Aids no Brasil. São 43,8 casos a cada 100 mil habitantes. Mais de 17 mil pessoas teriam a doença no Estado. Porto Alegre é a campeã entre as cidades do Brasil, com 111,5 casos por 100 mil habitantes, quase o dobro da segunda colocada, Florianópolis (57,4 casos a cada 100 mil habitantes).


Autor: Imprensa
Fonte: Sindicato MĂ©dico do Rio Grande do Sul

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